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Veja quais serão os efeitos do “La Niña” em Santa Catarina

O fenômeno climático “La Niña” entrou em atividade e deve persistir por alguns meses, conforme o departamento nacional de clima dos Estados Unidos, o NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), na última quinta-feira, dia 10.

Oposto ao “El Niño”, que esquenta as águas dos oceanos, o “La Niña” é um fenômeno natural que resfria as superfícies das águas do Oceano Pacífico. Essa alteração tem influencias climáticas ao redor do mundo, e os efeitos aparecem inclusive em Santa Catarina.

De acordo com informações do NOAA, o La Niña deve durar até novembro deste ano. A última aparição do fenômeno foi no período entre 2017 e 2018.

O resfriamento nas águas do Oceano Pacífico já vem ocorrendo há alguns meses, mas os efeitos no Sul do Brasil serão sentidos no período entre setembro e novembro, de acordo com a meteorologista da Epagri/Ciram, Gilsânia Cruz.

La Niña diminui chuvas em SC

O La Niña, naturalmente, baixa o volume de chuvas em Santa Catarina. A alteração climática ocorre porque, nesta região, o fenômeno faz com que os ventos de altos níveis, chamados jatos subtropicais, não sejam intensos como o normal.

Assim, com a diminuição do gradiente de temperatura entre o Equador e os pólos, ocorre um enfraquecimento desses jatos, visto que não há um bloqueio e ele passa rapidamente. Isso diminui as chuvas e, em alguns casos, provoca secas.

Formação do La Niña influencia o tempo no Sul do Brasil 

O professor de geografia e geociências da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Lindberg Nascimento Júnior, ressalta que o fenômeno deste ano deve se configurar como fraco ou moderado.

Nascimento lembra também que toda vez que este fenômeno ocorre, ele tende a se manifestar de modo diferente, principalmente na região Sul.

“Além disso, o La Niña não age sozinho, tem outros padrões atmosféricos que se combinam e interagem com ele, que podem fortalecer ou enfraquecer seus impactos”, explica o professor da UFSC.

“Por exemplo, ao mesmo tempo que ele está configurado, a gente também observa um enfraquecimento das correntes de jato – que é um sistema de circulação atmosférica que basicamente auxilia a intensidade das frentes frias quanto elas entram na região. Como as frentes são os principais sistemas produtores de chuva, elas basicamente serão menos frequentes. E quando configurarem serão muito vigorosas e intensas, o que pode sugerir aumento em eventos extremos (concentração das chuvas)”, conclui Nascimento.

Dessa forma, o desequilíbrio causado pelo fenômeno indica que podem ocorrer dias sem chuvas em Santa Catarina, e chances de precipitações mais intensas quando ocorrerem.

A meteorologista da Epagri/Ciram, Gilsânia Cruz, conta que a previsão climática para os próximos três meses, período em que os efeitos do “La Niña” poderão ser sentidos no Estado, aponta chuva abaixo da média climatológica em Santa Catarina, principalmente na região Oeste.

A previsão cita ainda a possibilidade de dias consecutivos sem chuvas no território catarinense. No entanto, de acordo com a meteorologista, por enquanto não há indícios de que o Estado passará por mais uma estiagem, como por exemplo a de junho deste ano, quando 114 dos 295 municípios de Santa Catarina chegaram a decretar estado de emergência por conta dos efeitos da seca.

“A previsão nos próximos três meses é apenas de chuva abaixo da média climatológica e de desequilíbrio. Mas ainda não há motivos para falar em estiagem”, explica Gilsânia.

Embora os indícios presentes até o momento não confirmem a presença de uma nova estiagem, o professor Lindberg Junior lembra que “há de se considerar que desde 2013 há uma redução no número de chuvas em SC e, com o ‘La Niña’, esse ressecamento deve ser mais uma vez observado este ano. Então, se a gente já viu aumento nos focos de incêndios e notificações de estado de seca aqui no Estado, é possível que vamos ver esse quadro mais uma vez”, alerta o professor.