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SC registra surto de Raiva em rebanho bovino

Uma mulher morreu por causa da doença em maio e Cidasc alerta produtores para vacinarem rebanhos

Um surto de Raiva está deixando em alerta alguns produtores rurais de Santa Catarina. Só neste ano já foram registrados três casos da doença em cabeças de gado na cidade de Urussanga, sem falar nos outros 24 em outras regiões do estado e na morte confirmada de uma mulher em Gravatal. É a primeira morte de um ser humano por conta da Raiva em 38 anos. Os últimos casos de animais mortos ocorreram em 2016.

Em Urussanga, as pessoas procuraram a Cidasc relatando os sintomas que os animais estavam apresentando, como desânimo, cabeça baixa, cambaleando e deitado. Outros sintomas podem ser inquietação, medo da luz e paralisia dos membros.

Um médico veterinário foi enviado às propriedades para que, após o óbito do animal, amostras do cérebro deste seja coletado para exames. “Não sacrificamos o animal e não aconselhamos que sacrifiquem, para que a doença faça seu ciclo. Onde o animal é abatido antes, o resultado dos exames sai mascarado”, explica o gestor regional da Cidasc de Criciúma, Eduardo Damineli Pesenti.

A Raiva é transmitida por morcegos hematófagos, ou seja, que se alimentam de sangue, através da sugadura desses animais. Apenas três espécies de morcegos se alimentam de sangue: Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata e Diaemus youngi. “Não são todos os morcegos que transmitem, apenas aqueles que estão infectados com o vírus da Raiva e em algum momento ele também vai morrer. Se ele sugar um gato, um cachorro, um bovino ou mesmo um ser humano, estes serão contaminados”, explica.

O único método de prevenção é a vacinação dos animais, por isso, a Cidasc orienta que os bovinos, bubalinos e equinos sejam vacinados, independente de haver foco registrado na região ou não. A Cidasc está acompanhando a evolução da doença e sua prevenção através do monitoramento dos transmissores primários da Raiva. “Fazemos o monitoramento das furnas ou casas habitadas por esses morcegos. Se estes seres forem encontrados, nós capturamos o morcego, não o matamos, passamos uma pasta vampiricida nele e o soltamos. Ao retornar para o seu habitat, os outros morcegos vão lambê-lo. Ao invés de matar apenas um, através disso nós atingimos 10, 20, 40…”, relata.

O primeiro sinal para que os criadores já fiquem em alerta é a marca da sugadura, mas isso não significa que o animal está infectado. Segundo Eduardo, o ferimento é um aviso de que há morcego que se alimentam de sangue nas redondezas. “Aí é importante avisar a Cidasc para que possamos detectar onde esses morcegos estão alojados”, diz.

A vacinação contra a Raiva é uma orientação do Ministério da Saúde, e segundo a Dive (Divisão da Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina), quase 10 mil doses da vacina foram solicitadas para serem disponibilizadas à população.