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Após ‘caso Praia do Rosa’, veja o que será feito em SC para conter aglomerações de verão

As cenas que circularam nas redes sociais de cidades litorâneas, como Imbituba (Praia do Rosa), Itapoá e São Francisco do Sul, durante o feriadão, deram uma prévia de como deve ser o verão em Santa Catarina. Em meio a uma pandemia, são praias lotadas, festas com aglomerações e um cenário de descumprimento das medidas de segurança.

Aglomeração na Praia do Rosa, em Imbituba, neste feriadão de 12 de outubro – Foto: Divulgação/ND

O cenário chocou até mesmo o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro. Em nota, além de afirmar que o desrespeito deve culminar no aumento de número de casos, ele destacou que a população está “confundindo regramento com relaxamento”.

“O problema é de que as pessoas ainda não entenderam. Estamos criando regras para todas as atividades. Nosso maior problema é a fiscalização”, disse.

A falta de fiscalização está ligada ao problema no efetivo, segundo a Polícia Militar. Em São Francisco do Sul, por exemplo, a PM informou que é “humanamente impossível” fazer o controle de público nas praias da cidade.

Conscientização e fiscalização “utópica”

Segundo o professor e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Elisandro Lotin, para que aglomerações como as do fim de semana não ocorram, é preciso que as pessoas tenham consciência da gravidade da situação. Para ele, isso poderia ocorrer com campanhas mais efetivas sobre os perigos da contaminação.

“Nós estamos pulando etapas do processo. Não se vê, por exemplo, uma campanha forte das autoridades governamentais, em todos os níveis, dando conta da conscientização. E isso é necessário para que essas possíveis aglomerações não aconteçam”, diz.

Em relação a conter o público nas praias, o especialista afirma que “é utópico”, uma vez que as pessoas já estão no local. Entre os motivos, o efetivo das forças de segurança e a dificuldade em conscientizar os infratores, mesmo com punições.

A mesma justificativa de falta de efetivo também é apontada pelo Gerente de Jogos e Diversões e Produtos Controlados da Polícia Civil em Santa Catarina, o delegado Thiago Costa. Além da PM, a Polícia Civil também é autorizada a fazer fiscalizações dos decretos.

“Esse feriado foi uma situação atípica. Não fizemos fiscalizações nas praias, porque não temos condições de ir sozinhos. Apenas atuamos nos estabelecimentos, onde vimos que grande parte estava cumprindo as medidas de segurança, como uso de máscara, por exemplo”, afirma.

Em Balneário Camboriú, 42 barcos foram fiscalizados e um notificado por aglomeração – Foto: Corpo de Bombeiros BC

Isolamento no acesso aos locais podem ser solução

A permanência de pessoas em faixas de areia continua proibida, conforme os mais recentes decretos do Estado e municípios. O espaço está liberado apenas para práticas esportivas.

“É preciso trabalhar preventivamente. Se não pode ir à praia, os órgãos precisam isolar o local antecipadamente. Não pode imaginar que as pessoas, mesmo com as informações, não vão para praia ou em aglomerações. E uma vez que eles estão lá, será muito difícil de retirá-los”, aponta.

Caso o isolamento e as campanhas de conscientização não deem certo, aí sim o professor acredita que ações de repressão deveriam ser realizadas.

Estado deve ampliar vigilância

O secretário de Saúde do Estado, André Motta, afirmou que vai reforçar as ações de conscientização e vigilância.

“Estamos reforçando a necessidade de entendimento da sociedade sobre o momento que estamos vivendo, através de campanhas, para que as pessoas entendam a necessidade de regramentos e de manter o distanciamento e a etiqueta respiratória, porque a pandemia ainda não passou”, explica em nota.

A reportagem do ND+ questionou a Secretaria de Saúde e o Coes sobre quais medidas devem ser adotadas – ainda com a proximidade de mais um feriadão, em 2 de novembro. Por meio de assessoria, a pasta respondeu que “essa questão e as medidas ainda serão anunciadas”.

O que diz a PM

Sobre o feriadão, a PM informou, por meio de nota, que intensificou a fiscalização nas rodovias estaduais e, com a abertura parcial da rede hoteleira, realizou fiscalizações “na medida das possibilidades das demandas ocorridas”.

A corporação afirma que houve ocorrências de aglomerações em praias, restaurantes e casas noturnas, e que os atendimentos às chamadas de denúncias estão sendo realizados “com o apoio dos demais órgãos estaduais, envolvidos na prevenção contra a Covid-19, e dos municipais”.

Além disso, a PM afirma que continua com o trabalho de orientação, “utilizando a mídia” contra aglomerações e respeito aos decretos, e pede a ajuda dos catarinenses para que respeitem as medidas protetivas de combate à doença.

As forças policiais de SC informam que, assim como vêm fazendo desde o início da pandemia, as fiscalizações seguem as orientações dos decretos em vigor.

Para esta temporada de verão, qualquer mudança ou estratégia de combate deve partir do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) criado para enfrentamento à pandemia de Covid-19 pela Secretaria Estadual de Saúde.

Nesse sentido, os efetivos da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros de SC continuam à disposição da sociedade e prontos para agir caso o Estado e/ou municípios definam novos decretos de enfrentamento à pandemia de Covid-19.

As forças de segurança ressaltam, também, que, independentemente de decreto, a sociedade catarinense precisa fazer a sua parte no enfrentamento à pandemia, evitando aglomeração, mantendo o distanciamento e usando máscara sempre que sair de casa.